Viver na terra dos homens
De tudo, o que há pior é ser lançado ao mundo sem um pingo de sentido de humor. As grandes cenas, as coisas sérias, estão bem para os anjos e para quem faz profissão acima das coisas mundanas, não para quem vive na terra dos homens e chafurda no mundo, para quem circula sangue de gente comum nas artérias. Há que rir e rir com vontade quando nos dizem a princípio que não temos idade, e continuar a rir em grandes gargalhadas, quando nos contam histórias de cursos e de enchadas, não parar o riso nem sentir embaraço quando se procura emprego para não ser madraço, e nunca, nunca, deixar de gargalhar enquanto gastamos a vida sempre a trabalhar, e por fim na velhice, quando descartados, nunca esquecer da vida os melhores bocados, e gargalhar, rir como nunca às bandeiras despregadas, rir até partir, porque alguém recolherá os pedaços das nossas vidas escaqueiradas.
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