quarta-feira, fevereiro 08, 2006

O 5º poder: um esboço em traços de cartoon

Se por um lado é a liberdade de expressão um dos mais virtuosos bens adquiridos pelas sociedades democráticas, e à custa do sacrifício de muitos, não deixa de ser por outro lado o mais virtual dos bens na sua aplicação de facto. Isto porque a aplicação do preceito constitucional é na maioria das vezes reduzida pelos enquadramentos micro-sociais ou profissionais onde o perigo de exclusão leva o cidadão na maioria das vezes a calar porque como todos sabemos quem cala consente, ou não consente sem assumir compromisso.

De facto a inconstitucionalidade começa bem mais cedo. Que é a educação senão o impor limites à nossa liberdade de expressão? Limites que nos são necessários à vida em sociedade, porque se bem que as sociedades produzam gente iluminada e capaz de constitucionalidades muito humanas, sabe-se bem que são desumanas para com todos os que a perigam de qualquer forma. O sacrifício de poucos que potencia a vida de muitos...

É que ao exercício da liberdade de expressão se sobrepõe outra lei bem mais antiga e mais forte, que aprendemos bem cedo: podemos insultar os mais fracos mas nunca os mais fortes. Manda mais alto o bom senso e o instinto de autopreservação.

Indo ao que interessa, isto é, a ausência de cartoons insultuosamente antisemitas nas bancas dos tribunais europeus clamando pelo direito à liberdade de expressão. Vivemos num mundo paradisíaco e já não existem antisemitas na europa? Ou é apenas que os europeus antiislâmicos têm mais jeito para o desenho?