Anatomia: o umbigo à superfície
É um hábito estéril, mas muito enraizado, o do debate periférico. É vulgar ver, nos jornais, colunistas tentados a comentar os escritos de outros colunistas, relegando o comentário original para ocasiões de maior desafogo de tempo, ou quiçá, de maior inspiração. Essa fuga à tarefa árdua e corajosa da autoria tem ainda produzido como efeito secundário o hábito do plágio que se tem difundido de forma inesperada, mesmo entre aqueles que pretendem afirmar-se como autores, o que não deixa de ser um paradoxo.
No debate político é ainda mais comum ver os políticos debater políticos, enquanto os ainda esperançados eleitores (cada vez menos) vêm passar a oportunidade de discutir o que realmente interessa, the real thing.
Assim, o comentário inapropriado de Francisco Louçã esvazia por completo o debate de conteúdo que se deveria seguir à confrontação televisiva com Paulo Portas, criando ainda, como se de um eco periférico se tratasse, a oportunidade de uma entrada à leão ao até ontem pouco eloquente Bagão Felix, ele que até é do Benfica. Perdoem-me o humor, porque o caso está ainda longe de ser engraçado, apesar de ter esperança que as gerações futuras possam deste episódio tirar uma boa gargalhada, se ainda lhes sobrar sentido de humor.
De Sócrates debate-se mais as suas posições face ao debate do que o programa de governo proposto, do qual aliás só se retiraram umas poucas parangonas mal digeridas, mal explicadas e por vezes, segundo o próprio em entrevista à Sic ontem à noite, mal interpretadas. Ou o programa não tem ponta por onde se lhe pegue, ou ainda ninguém pegou nele, o que é normal, uma vez que os nossos jornalistas enfermam do tal mal de falta de tempo e de inspiração.
O comentário original, assim como o compromisso com opiniões originais, leva inevitavelmente à exposição, ao juízo e escrútinio alheio. Deixa a tarefa árdua da fundamentação ao autor e a tarefa mais fácil, a da crítica, aos outros; o autor fica inevitavelmente numa posição frágil e por isso é preciso coragem para ser político e autor e ainda mais para ser um político autor de ideias e soluções para o país.
No debate político é ainda mais comum ver os políticos debater políticos, enquanto os ainda esperançados eleitores (cada vez menos) vêm passar a oportunidade de discutir o que realmente interessa, the real thing.
Assim, o comentário inapropriado de Francisco Louçã esvazia por completo o debate de conteúdo que se deveria seguir à confrontação televisiva com Paulo Portas, criando ainda, como se de um eco periférico se tratasse, a oportunidade de uma entrada à leão ao até ontem pouco eloquente Bagão Felix, ele que até é do Benfica. Perdoem-me o humor, porque o caso está ainda longe de ser engraçado, apesar de ter esperança que as gerações futuras possam deste episódio tirar uma boa gargalhada, se ainda lhes sobrar sentido de humor.
De Sócrates debate-se mais as suas posições face ao debate do que o programa de governo proposto, do qual aliás só se retiraram umas poucas parangonas mal digeridas, mal explicadas e por vezes, segundo o próprio em entrevista à Sic ontem à noite, mal interpretadas. Ou o programa não tem ponta por onde se lhe pegue, ou ainda ninguém pegou nele, o que é normal, uma vez que os nossos jornalistas enfermam do tal mal de falta de tempo e de inspiração.
O comentário original, assim como o compromisso com opiniões originais, leva inevitavelmente à exposição, ao juízo e escrútinio alheio. Deixa a tarefa árdua da fundamentação ao autor e a tarefa mais fácil, a da crítica, aos outros; o autor fica inevitavelmente numa posição frágil e por isso é preciso coragem para ser político e autor e ainda mais para ser um político autor de ideias e soluções para o país.
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