Finalmente a televisão e outros meios de informação
Não se pode passar ao lado do blogue de Pedro Magalhães. Difícil é também contornar a "provocação" ou deixar de reflectir o parágrafo irónico com que o autor termina:“... 55% dos eleitores a pensarem que os resultados das eleições não fazem grande diferença no cursos dos acontecimentos... O que impressiona não é tanto a possibilidade dos eleitores estarem enganados. É a possibilidade de que tenham razão.”
Insónia garantida, tenham os eleitores razão ou não. Que assim pensam é um facto. Os 55% de eleitores descrentes aproximam-se dos típicos 40-50% de abstenções, sendo a diferença provavelmente dada pelos eleitores que exercem o direito e obrigação cívica de votar, mesmo descrentes.
Parece haver a opinião generalizada de que para a descrença dos eleitores contribui, em muito, a imagem que os líderes dos dois partidos mais votados passam para a opinião pública: homens vocacionados para os media, mais do que para as acções ou convicções.
O discurso parece momentâneo, sem continuidade, com afirmações que se contradizem em intervenções sucessivas e sente-se que por trás das palavras não existe um fio condutor. Sente-se que as palavras, esvaziadas da sua ligação à continuidade de um discurso ou uma acção deliberada (programada), têm apenas a função de impacte mediático, a função de vencer o debate. Mas, porque há-de isto incomodar os portugueses em particular? Nos Estados Unidos as eleições são mediáticas, as mais mediáticas do mundo, e nem os americanos parecem incomodados, nem os portugueses (pelo que se lê) vêm algum mal nisso, se bem que alguns possam ter ficado apreensivos com o último resultado.
Talvez o que falte em Portugal seja mediatização. Falta debate, falta coragem, falta exposição aos nossos políticos. A política era chata quando eu era menino e moço, e nesse tempo (pós revolução) havia debates, a preto e branco é certo, mas com colorido verbal e gestual adequado à altura; eram chatos, mas desculpavam-se porque só havia uma televisão, do estado, e a mediatização dava ainda os primeiros passos. Hoje não teriam desculpa, mas a política portuguesa continua chata.
Hoje, os partidos grandes fogem da exposição dos debates e as televisões não têm a coragem de convidar os partidos que querem debates, deixando de lado quem não os quer. E o que faltava antes, e por isso já antes os debates eram chatos, é o que ainda hoje falta: os jornalistas não fazem perguntas incómodas, os políticos levam respostas ensaiadas e apenas se discute o óbvio, o banal e o politicamente correcto. É um tratamento soft, o que os media dão aos nossos políticos. Mesmo assim, a incapacidade de lidar com a exposição mediática ficou bem expressa nos desatinos de Pedro Santana Lopes, e ainda está por saber se José Sócrates se sairá melhor. Afinal de contas, a habituação aos media de ambos é apenas uma versão hipersoft: os comentadores expõem, não são expostos.
Insónia garantida, tenham os eleitores razão ou não. Que assim pensam é um facto. Os 55% de eleitores descrentes aproximam-se dos típicos 40-50% de abstenções, sendo a diferença provavelmente dada pelos eleitores que exercem o direito e obrigação cívica de votar, mesmo descrentes.
Parece haver a opinião generalizada de que para a descrença dos eleitores contribui, em muito, a imagem que os líderes dos dois partidos mais votados passam para a opinião pública: homens vocacionados para os media, mais do que para as acções ou convicções.
O discurso parece momentâneo, sem continuidade, com afirmações que se contradizem em intervenções sucessivas e sente-se que por trás das palavras não existe um fio condutor. Sente-se que as palavras, esvaziadas da sua ligação à continuidade de um discurso ou uma acção deliberada (programada), têm apenas a função de impacte mediático, a função de vencer o debate. Mas, porque há-de isto incomodar os portugueses em particular? Nos Estados Unidos as eleições são mediáticas, as mais mediáticas do mundo, e nem os americanos parecem incomodados, nem os portugueses (pelo que se lê) vêm algum mal nisso, se bem que alguns possam ter ficado apreensivos com o último resultado.
Talvez o que falte em Portugal seja mediatização. Falta debate, falta coragem, falta exposição aos nossos políticos. A política era chata quando eu era menino e moço, e nesse tempo (pós revolução) havia debates, a preto e branco é certo, mas com colorido verbal e gestual adequado à altura; eram chatos, mas desculpavam-se porque só havia uma televisão, do estado, e a mediatização dava ainda os primeiros passos. Hoje não teriam desculpa, mas a política portuguesa continua chata.
Hoje, os partidos grandes fogem da exposição dos debates e as televisões não têm a coragem de convidar os partidos que querem debates, deixando de lado quem não os quer. E o que faltava antes, e por isso já antes os debates eram chatos, é o que ainda hoje falta: os jornalistas não fazem perguntas incómodas, os políticos levam respostas ensaiadas e apenas se discute o óbvio, o banal e o politicamente correcto. É um tratamento soft, o que os media dão aos nossos políticos. Mesmo assim, a incapacidade de lidar com a exposição mediática ficou bem expressa nos desatinos de Pedro Santana Lopes, e ainda está por saber se José Sócrates se sairá melhor. Afinal de contas, a habituação aos media de ambos é apenas uma versão hipersoft: os comentadores expõem, não são expostos.
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