segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O 5º poder: o deja vue

Eis algumas passagens do editorial de José Manuel Fernandes no Público de hoje:
"Se queres a paz, prepara a guerra", diziam os romanos no tempo do Império,
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"O pior perigo está em ceder a liberdade intelectual e política, que é a nossa essência, para conciliar o inconciliável", escrevia ontem no PÚBLICO Vasco Pulido Valente a propósito do "medo" que supostamente assaltaria alguns. Tem razão: o que se passou nas últimas semanas a propósito dos cartoons sobre Maomé mostra que há imensa gente disponível para ceder, que há grandiloquentes proclamações que se desmoronam perante o primeiro abalo e que esse perigo, que vem de dentro, é muito maior do que estarmos no sitio errado à hora errada de um atentado. Esse é o medo que nos desarma e nos impede de, para garantirmos a paz de que gozamos, estarmos sempre preparados para a guerra.
(...)
De duas coisas podemos estar certos: primeiro, que haverá sempre cegos voluntários no nosso campo, e que utilizarão as mais melíferas palavras; depois, que mostrar fraqueza e "compreensão" numa altura em que os que recusam o nosso modelo democrático estão na ofensiva não os acalma, antes os estimula.
(...)
Por isso, por brutal que tal pareça, não basta neste momento dizer que se consideram soluções militares: é preciso começar a prepará-las.
Surpresas? Nenhumas. Também não me surpreenderá que nem o senhor (que já não tem idade) nem os seus filhos servirão de carne para canhão na guerra que defende apenas com palavras. Como sempre se lixará o mexilhão, o tal que defenderá com sangue os seus previlégios e os da sua família assim como o passatempo de acenar guerras a gosto.